“Eu não gosto de esperar!”
Concordo com essa afirmação. Mas não fui eu que a fiz nos últimos dias.
Foi a minha avó.
Dona Tatana é uma senhorinha um tanto simpática. No auge da sua sabedoria de seus 90 (e quase quatro) anos, ela continua sendo um exemplo de simplicidade, honestidade e caráter.
Se a certidão de nascimento de vovô diz que ela tem quase um século de vida, sua alma tem menos idade e sua imaginação menos ainda.
“Sempre fui trabalhadora, nunca precisei de ninguém para me ajudar. Agora vocês ficam nesse tal de: “deixa aí, não faz isso, não pega peso, etc…”

Assim como a minha avó, eu prefiro não esperar.
Talvez seja o DNA, talvez seja a criação.
Venho de uma linhagem de mulheres decididas, visionárias, realizadoras, generosas.
Mulheres apaixonadas e apaixonantes. Focadas (por vezes teimosas haha), que não desistem enquanto não alcançam seus objetivos.
Ouvi vovó dizer que não gosta de esperar numa dessas manhãs de sábado. Desde então, nosso “compromisso não oficial” é varrer o quintal e juntar as folhas que caem das plantas.
Ela não faz ideia, mas aproveito esse tempo para ouvi-la contar histórias de quando ela cresceu na roça, e como as coisas eram diferentes em outros tempos.
Enquanto juntava as folhas, essa frase ficou grudada na minha cabeça.
“Eu não gosto de esperar.”
A pressa da minha avó para terminar de limpar o quintal me fez parar o que estava fazendo para ajudá-la.
Às vezes, o ímpeto de fazer algo mobiliza aqueles à nossa volta a se juntarem a nós, o que é muito positivo.

“Eu não gosto de esperar.”
Minha avó já tinha mudado de assunto, mas aquela frase ainda continuava ecoando na minha cabeça.
Quantas vezes a nossa “impaciência” na verdade tem outro nome?
Talvez o disfarce de quem tem receio de pedir ajuda?
Seria a “capa” de quem sabe-tudo?
Quem sabe o medo de se sentir incapaz ou ser percebido(a) como frágil?
Folhas de árvores e uma doce vovó me fizeram repensar minhas impaciências.
Quais os motivos das suas?